Introdução
A loucura do Sūtra do Coração
Vacuidade significa desapegar-se
- Estabelecendo-se na ausência de base
- Vacuidade, originação dependente e física quântica
Os três ciclos de ensinamentos do Buddha
- Expressando o inexprimível
- Os ensinamentos como escrituras e realização
Prajñāpāramitā — sabedoria perfeita transcendente
- A espada flamejante de prajñā — interesse afiado, iluminador e compassivo
- A Mãe Prajñāpāramitā — intuição que inclui o intelecto
- Prajñāpāramitā como base, caminho e fruição
- Os sūtras prajñāpāramitā
- Simplicidade complicada
- Prajñāpāramitā como uma heresia budista
- Caminhos sem base
- Sujeira, sabão e água
- Desfazendo o fazer
O comentário sobre o sūtra do coração
O palco e os atores principais
O título
- Sabedoria transcendente mãe repleta de qualidades
- O coração da mãe de todos os buddhas
O prólogo
- O tempo excelente
- O professor excelente
- O local excelente
- O séquito excelente
- O ensinamento excelente
- Avalokiteśvara — vacuidade com um coração de compaixão
- Compaixão em ação
- Não ver o mundo como o conhecemos
A parte principal do sūtra
- A inocente pergunta de Śāriputra
- A resposta curta não tão inocente de Avalokiteśvara
- A vacuidade profunda em quatro aspectos
- Forma e vacuidade são duas coisas?
- O caminho do meio sem um meio
- Todos os elementos do nosso corpo e da nossa mente
são como o espaço
- A profundidade em oito aspectos
- As três portas para a liberação
- Outras formas de cortar o bolo dos fenômenos ilusórios
- Até mesmo a originação dependente é vacuidade
- O fim das quatro nobres verdades
- Também não há nenhuma esperança na prajñāpāramitā
- O vajra transparente do destemor
- Alcançando a ausência de referenciais
- O mantra — o salto final no abismo
- O louvor do Buddha
O epílogo
Uma meditação sobre a Prajñāpāramitā
e o Sūtra do Coração
O Sūtra do Coração da Gloriosa Mãe Prajñāpāramitā
Bibliografia selecionada
Notas
Apresentamos o "O sutra do ataque do coração: Um novo comentário sobre O sutra do coração", uma obra que explora a mensagem radical desse famoso texto budista. Este livro desafia tudo o que consideramos mais importante: nossos problemas, o mundo como o conhecemos e até mesmo os ensinamentos do próprio Buddha.
Segundo relatos, alguns seguidores do Buddha sofreram ataques cardíacos e morreram ao ouvir pela primeira vez a afirmação fundamental desse sutra: a ausência de base sólida em nossa existência. Daí o título provocativo desta obra.
O Buddha ensina que superar o medo não é conquistado fechando-se ou construindo muros ao nosso redor, mas sim abrindo-se para compreender a natureza ilusória de tudo o que tememos, inclusive de nós mesmos.
Em resumo, o que podemos dizer com segurança sobre o Sūtra do Coração é que ele é completamente louco. Quando lido, não faz nenhum sentido. Bem, talvez o começo e o final façam sentido, mas tudo no meio parece uma sofisticada forma de absurdo, que pode ser considerada como a característica básica dos sūtras prajñāpāramitā em geral. Se gostamos da palavra “não”, poderemos gostar do sūtra, porque essa é a principal palavra usada – não isso, não aquilo, não qualquer coisa. Nós também poderíamos dizer que é um sūtra sobre sabedoria, mas é um sūtra sobre louca sabedoria. Quando o lemos, ele parece insano, mas é exatamente aí que entra a parte da sabedoria. O que o Sūtra do Coração (como todos os sūtras prajñāpāramitā) faz é atravessar, desconstruir e demolir todas as nossas estruturas conceituais usuais, nossas ideias rígidas, todos os nossos sistemas de crenças, todos os nossos pontos de referência, incluin-do qualquer um na conexão com o nosso caminho espiritual. O sūtra faz isso num nível muito fundamental, não apenas em termos do pensamento e dos conceitos, mas também em termos da nossa percepção, como vemos o mundo, como ouvimos, como tocamos, como sentimos o cheiro, o gosto, como consideramos e reagimos emocionalmente a nós mesmos e aos outros e assim por diante. Esse sūtra puxa o tapete debaixo dos nossos pés e não deixa nada intacto sobre o que podemos pensar, e nem mesmo muitas coisas sobre as quais não podemos sequer pensar. Isso é chamado “louca sabedoria”. Acho que deveria alertar vocês que esse sūtra é perigoso para a nossa sanidade samsárica.
Ficha técnica