A metabavana é crucial para o desenvolvimento da sabedoria

Trecho do recém-lançado livro Carma, capítulo 5 (A ausência do carma - vacuidade e as duas verdades)

Muitas vezes, se estamos de fato buscando a visão de uma maneira puramente intelectual, nos tornamos introvertidos. Pensamos nisso como um exercício muito solitário porque nos vemos olhando para dentro, aprofundando o nosso pensamento. O mundo externo e outras pessoas e outros seres vivos se tornam uma distração, e prestar atenção a eles passa a ser um aborrecimento. Todos representam a mesma coisa para nós, que é o tempo perdido da nossa profunda reflexão, a missão que tanto apreciamos. Como estamos procurando desvendar essas questões complexas da vida ou da metafísica e precisamos desse “tempo para mim”, nos fechamos. O budismo considera o tipo de percepção obtida dessa maneira como sendo de qualidade inferior. A visão é mais elaborada quando nos tornamos mais carinhosos e mais amorosos e nos abrimos para os outros. Nós não teremos uma mente fechada se adotarmos essa abordagem equilibrada. Para esse fim, o próprio Buda ensinou a meditação sobre a bondade amorosa, metta-bhavana. Ele disse que a meditação de metabavana é crucial para o desenvolvimento de prajna ou sabedoria. No budismo, não existe uma separação rigorosa entre o aspecto cognitivo da nossa mente do seu aspecto emocional e afetivo. Nossa capacidade cognitiva deve ser sustentada pela riqueza do nosso repertório emocional, dos nossos recursos emocionais. Em outras palavras, se somos emocionalmente estéreis, secos, até mesmo a nossa capacidade cognitiva será comprometida, sua eficácia será reduzida. Por isso, a meditação na bondade amorosa nos ajuda a pensar com clareza e a ver as coisas de forma clara. Tudo o que fazemos para obter uma visão correta produz carma positivo. Precisamos, então, estar atentos em diversas frentes: ter certeza de que o nosso corpo está saudável, em um estado positivo; e, no nível emocional e dos sentimentos, precisamos nos certificar de que não estamos rígidos e fechados. Prestar atenção a essas coisas produz carma positivo, o que, por sua vez, leva a um ganho de sabedoria. A sabedoria surge da criação de carma positivo e da realização de ações que superam o carma negativo.

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1 comentário

Vânia

Vânia

Maravilhosas reflexões! Deve ser muito interessante o livro!

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